quinta-feira, 20 de março de 2008

Enfim, nós. E a 'Claudinha'

Foram quatro horas e cinqüenta minutos ao meu lado. E ele vai embora feliz da vida achando que conheceu alguém legal. Foram menos de cinco horas e me dá certa pena pensar nos próximos dias, meses. Talvez anos, se ele for algum tipo de corajoso, algum tipo de masoquista.
Eu consegui, por hoje deu tudo certo. Fui inteligente e carinhosa. Depois fui engraçada e um pouco mais carinhosa. Mas tenho certa pena do dia de hoje, tenho certa pena de como esse dia corretinho, linear e brilhante pode ser corroído pelas chuvas, calores e sujeiras. E acabar como algo disforme, fosco e fraco.
Eu queria que você soubesse, meu amor, que sou dessas loucas. Dessas loucas que vai te chamar de meu amor, mesmo você estando na minha vida há apenas uma semana. Dessas loucas que vai querer te matar só de pensar que, talvez, daqui cinco anos, você me troque pela 'Claudinha', uma menina mais nova e sem as minhas manias insuportáveis que você ainda não conhece.
E aí, mesmo eu te conhecendo há apenas uma semana, vou te odiar pelo que vou sofrer daqui a cinco anos. E vou te odiar, sobretudo, porque daqui uma semana, quando você se apaixonar pelas minhas manias insuportáveis, eu vou acreditar que você nunca vai enjoar delas.
Eu sou dessas malas sem alça que vai ter ciúme dos seus amigos, dessas pessoas maravilhosas que te conhecem há muito mais tempo que eu. Essas pessoas maravilhosas que serão as primeiras a saber, daqui cinco anos, que você está comendo a vaca da 'Claudinha'.
Aliás, eles que vão te apresentar a vaca da 'Claudinha'. Só de pensar nessa puta da 'Claudinha', sabe o que eu fiz assim que você saiu da minha casa ontem? Eu liguei para o Pedro. Depois para o Ricardo. Depois para o Fábio. E deixei todos de sobreaviso: ando super carinhosa, gatos.
No fundo, no fundo, não tenho a menor vontade de ser carinhosa com nenhum deles. Mas sou dessas idiotas covardes que quando percebem que estão gostando de alguém, resolvem gostar de vários. Só para banalizar o sentimento. Só para descentralizar a renda. Olha eu, fazendo piadinha meio de esquerda... olha eu, escrevendo meio parecido com você e dando nomes para personagens. Eu sei que gosto de alguém quando esqueço de não gostar tanto de mim. E eu gosto de você, mesmo sabendo que você gosta de mim por pouco tempo.
Ai amor, amorzinho, amoreco, moreco. Eu odeio esses carinhos, odeio. Mas falo todos eles baixinho antes de dormir, para o espaço ao lado da cama que ninguém ocupa. E eu sou um pouco mais estranha do que ser estranha permite. Sou estranha além do charme de ser estranha. Eu sou daquele tipo bizarro, que eu nem sei direito se existe, que vai te acordar, daqui a algumas semanas, chorando como se tivesse te perdido para sempre.
Eu sou sempre cinco anos na frente, eu já começo sofrendo com o fim. Eu vivo o luto de tudo, antes mesmo de comprar uma roupa colorida pra curtir que você foi embora ontem, lá de casa, querendo voltar. Eu sei que você quer voltar. E eu sei que serei muito feliz por cinco anos, até a puta da 'Claudinha' aparecer. Aquela vaca.
Pensa bem, meu amor, pensa bem. Eu sou daquele tipinho baixo de mulher. Daquele tipinho que rouba o seu celular enquanto você faz seu xixi feliz da vida, achando que conheceu alguém legal. Eu sou daquele tipinho raso, que vai xeretar seu orkut, tentando descobrir o que sua ex tinha que te fez demorar tanto para aparecer na minha vida. E vou odiar toda a sua história, e vou odiar que seus amigos sejam amigos da sua ex, e vou odiar que seus amigos vão adorar contar suas histórias do passado. E vou ficar quietinha, perdida, no canto da mesa. Querendo ligar pro Ricardo, pro Fábio e pro Pedro.
Não que eles sejam melhores do que você, porque não são. Mas eu preciso fugir de você ser tão legal. Porque você é definitivamente muito legal, tão legal que não vai agüentar e me largar daqui cinco anos. Inebriado pela mente menos complexa, pelo peito menos angustiado e pela bunda mais dura. Da 'Claudinha', claro. Sempre ela.
Ainda dá tempo. Ainda dá tempo de se libertar da minha neura de contar as coisas e de não encontrar razão para haver um pão na fruteira. Agora tem graça, mas imagina essa mesma conta que soma o mundo sem nunca subtrair nenhuma tristeza daqui cinco anos? Cai fora, irmão. Cai fora.
Não demora muito para eu começar a competir com você. E querer ser melhor que você. E querer isso justamente para que você nunca deixe de me admirar. Mas eu, mais uma vez, sem ter medida de nada, vou te sufocar com meu saquinho furado. Meu saquinho onde todo e qualquer amor ainda é pouco. Porque meu vazio é imenso.
Já imaginou só? Já imaginou quando algum amigo seu apontar e falar: quem é aquela louca ali, berrando no meio da festa e pegando um táxi? E você vai ter de voltar sem graça, e explicar: ela se irritou porque eu peguei a última água com gás sem perguntar se ela queria.
É isso o que você quer para a sua vida? É isso? Uma mulher que tem mais medo de vomitar do que de paraglider? Uma namoradinha meiga que a qualquer momento pode soltar 345 palavrões no seu ouvido só porque você tem mais coisa pra fazer da vida do que me idolatrar?
Combinado, então? Você vai ler agora esse texto, ficar meio tristinho, afinal de contas não é todo dia que se perde uma mulher como eu, mas vai ser forte e terminar tudo. Terminar tudo e ir logo de uma vez conhecer a puta da 'Claudinha'. Essa vaca.
E aí, daqui uns cinco anos, quando você descobrir que mulher é tudo a mesma coisa, quando você estiver enjoado das manias insuportáveis da 'Claudinha', quem sabe algum amigo seu não me apresente a você. E quem sabe a gente não é feliz pra sempre?

Um comentário:

A TrupE disse...

às vezes, eu me pergunto coisas Joice. Mas me perguntar coisas implica em me responder, uma coisa verdadeiramente óbvia.
Enfim, enfim, estou apenas devaneiando aqui nesse coment. Seu post parece ser bastante... sincero. Acho que esse é o adjetivo ideal.
Eu estou lendo, ao contrário do que você imagina. =]
Como eu já disse antes, você escreve para o cotidiano, o moral, a infinita ventura da vida. :O
he, he...
e eu sou apenas o menino da imaginação desvairada. nem tem comparação.
amo-lhe-ei.