sexta-feira, 23 de outubro de 2015

quando o longe ainda é perto

Foi pouco tempo, e bastou pra que eu percebesse que eu amava mesmo o modo como os teus olhos piscam e o modo como eles são pequenininhos. Alguns momentos de fragilidade e bastou para que eu quisesse cuidar de você por toda uma vida!Essa falta de você é tão funda e estranha, começa pelos pés. Você é a saudade que eu não consigo não ter, e de repente fico rindo à toa, na tentativa de recuperar nossos momentos. Numa maneira de fugir de não ter um perfume que não se esquece, não ter o seu ritmo sempre doce, não ter seu amor pra onde quer que eu fosse... Não ter essa hora tão mágica, não ter o carinho que eu preciso. Ou de não admitir que você foi o maior dos meus erros, e o maior dos enganos, a maldade que só me fez bem. Loucura? Talvez. Você sabe que eu nunca fui muito normal mesmo... E acordo decidida a te esquecer, depois de só achar motivo pra levantar pensando em você. E quando decido que estou ótima e nem te amava tanto assim, no meio da madrugada ou de uma parada de ônibus lotada me vem a lembrança de mil coisas que não se parecem em nada com não amar. É como se, por metade de um segundo, eu vivesse tudo de novo! E durmo quando o sono já não me deixa viva, adormeço com você no meio dos meus cabelos. Do modo como eu te quero: aqui, bem aqui, no meio dos meus braços, lábios e seios. Com teu sorriso bobo, com teu abraço que me fazia quase segura, com a mão na minha nuca, e a pele quente que me fazia tremer, com todas as horas que eram minhas e tuas, e as brincadeiras que só a gente entendia. Ah, ninguém nunca vai entender!

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Eu quero saber mais do que você faz no seu dia, meu bem. Eu quero saber o quanto de ti pode ser meu. Eu quero saber se você é capaz de amar o suficiente pra entender tudo isso. Se o teu sonho te faz mover ou te derruba. Eu quero saber, meu bem, se você sangra quando se depara com as injustiças do mundo declaradas no horário nobre da televisão. E se depois de um dia cheio, você vai aparecer apesar da tempestade de meteoritos que cai lá fora. Eu quero saber, meu bem, se no dia que eu chorar em pranto e estiver prestes a acabar com tudo se você vai te esquecer e me deixar descansar no teu peito. Eu quero saber a cerca da sua coragem. E se caminharmos por horas lado a lado e em silêncio se você teria vontade de me dar um abraço por alguns minutos. Eu quero saber mais do que você faz no seu dia, meu bem.

sábado, 2 de maio de 2015

sobre o (meu) lado que ninguém vê

Embora qualquer um possa afirmar hoje em dia que eu não sou uma pessoa muito apegada a família, que eu não conseguiria passar sequer um dia inteiro dentro da casa da minha mãe, eu não os considero errados e nem os culpo por pensarem assim. Não me entendam mal, não é que eu tenha problemas com a minha família (não agora) e que não gosto deles, claro que gosto, mas é que eles, juntamente com muitas outras pessoas, não fazem mais parte do meu cotidiano. E embora eles sejam família, a gente nunca teve esse costume de fazer parte do cotidiano uns dos outros. Meus irmãos, de quem sou mais íntima, todos eles, tem gostos distintos uns dos outros: estilo de música, de amizades, estilo de filmes, ou até mesmo interesses - o que nos une é tão somente tudo que vivemos no fato de sermos irmãos: nossas histórias de outrora e nossas lembranças. Fora isso podemos dizer que tomamos caminhos diferentes, buscando o nosso melhor, claro, e o melhor de nós todos foi cada um tomando o seu caminho. Então, podemos despreocupadamente passar dias sem ligar uns pros outros e não achar que isso é inadmissível, ou achar que iremos morrer se não soubermos o que o outro anda fazendo. A gente se liga esporadicamente e conversamos por horas a fio, mas nada de ligações diárias, por nenhum motivo aparente, apenas não temos o costume disso.

Tios, avós, primos que continuaram na cidade em que nascemos, então, raramente mesmo nos falamos, apenas quando estamos visitando Recife e passando na casa deles para pedir nossas respectivas bençãos. Mas eles não nos visitam nunca, e nós os visitamos quando podemos. Eles não nos ligam nunca, e a gente liga pra eles com menos frequência do que os visitamos, mas ligamos vez em quando. Acho que pra uma família que saiu da cidade natal nós até damos bastante importância a família, se pararmos pra analisar o retorno deles com a gente, no que se refere a buscar saber como estamos, mas claro, não precisamos dizer nada é óbvio que nos amamos, não nos desejamos mal, e gostamos de saber que está tudo bem e acreditamos também que se não estivesse seríamos notificados. Apenas como eu disse, ao contrário de muitas famílias, de amigos meus e conhecidos, não temos esse costume de fazer parte da vida uns dos outros.

Mas houve um tempo em que tudo era familiar, pelo menos pra mim. Antes de me mudar de Recife, tudo rodava em volta de todos que eu conhecia e que eram família. Acho que isso é devido às limitações da infância, você só está onde seus pais estão ou onde eles permitem que você esteja. E se eu pudesse lembrar de um canto que me remetesse a infância seria a casa dos meus padrinhos. Acho que tirando a minha casa, não haveria outro lugar onde eu tenha passado tanto tempo e me lembrar de tão bons momentos. Tendo isso como resposta imediata, lembro da vez que eu voltei lá em Recife, na casa do meu padrinho, pela primeira vez desde que eu tinha saído de lá (mais ou menos 7 anos depois). A memória lembrando e não lembrando de cada cômodo, era como se eu tivesse eles decorado na minha mente, mas no fundo não sabia ao certo se eles de fato existiram ou se eu os havia criado. E cada passo que eu dava adentrando aquela casa, que tinha sido um grande marco da minha infância, era como se eu quisesse sorrir imensamente, era como se eu me visse ali pequena e quisesse me auto-abraçar. Tudo continuava exatamente igual, a vida pode mudar muito para muitas pessoas, mas para outras elas continuam exatamente do mesmo jeito. E meus padrinhos pertenciam a esse grupo, onde tudo permanece no mesmo lugar, embora anos tenham sido atravessados, e isso de certa forma me ajudou bastante naquela hora porque tudo que eu pudesse lembrar estava ali do mesmo jeito esperando meu olhar mais maduro de anos de saudade.

Eu logo procurei ver todo mundo que me lembrava, queria ver os rostos depois de tanto tempo e todos haviam mudado, pelo menos fisicamente, o que ajudou a ver como o tempo passou pra todos nós e não só pra mim. Bebês que eu convivi quando tinha 6 anos, criancinhas que conviviam comigo e por quem senti os primeiros sentimentos de raiva, ciúme e amor (ás vezes os três ligados a mesma pessoa). Alguns lembraram de mim de cara, outros até hoje não fazem idéia de quem sou, mas falam comigo porque eu pareço saber bem quem eles são. Mas sempre foi um momento mágico voltar lá, e regredir um pouco dessa correria que é minha vida, quando eu estou lá eu sempre sou aquela mesma afilhada que costumava frequentar aquelas paredes a anos atrás. O amor está lá, sempre esteve e como a casa, sempre vai estar lá e nunca irá mudar.

Minha família de Recife é algo que ocupa grande parte do meu sentimento, eu amo a minha família, amo cada tio, minha avó, amo todos os primos que conheço e convivi, amo meus padrinhos e meu pai e isso é algo que não fica claro assim que alguém me conhece porque eu não falo deles. Não tenho histórias deles pra contar porque cresci em outro lugar, com minha mãe e meus irmãos somente, e as histórias que eu tenho deles ou são histórias que eu ouvi ou histórias que eu vivi em algum momento desses de breve visita. Mas qualquer assunto ruim sobre eles, me dá um forte e imediato aperto no peito, algo que eu jamais pudesse demonstrar facilmente, é como se fosse um sentimento tão profundo dentro de mim que eu nunca tivesse demonstrado pra ninguém e por isso eles conseguem machucar com tanta facilidade. Acho que, assim como tudo, eu acho que eles são eternos, que eles estarão ali pra sempre, pra sempre que eu for visitá-los, pra sempre que eu puder pensar em vê-los. Mas a vida me mostrou ano passado que não existe essa de pessoas eternas, e eu aprendi isso da pior forma, quando uma pessoa das pessoas mais eterna morreu. O Kin, me ensinou muito em vida e mais ainda na morte. E isso tem ocupado bastante a minha mente nesses dias em que descobri que meu padrinho está hospitalizado.

Pode até ser que ele não faça parte do meu cotidiano como quando eu era criança. Pode até ser que eu não ligasse pra ele frequentemente, nem ele pra mim, embora não precisássemos disso para saber que eu o amo e ele também me ama. Pode até ser que as minhas visitas não fossem tão frequentes assim como deveria, ou seria mais certo dizer, eram quase raras. Mas, eu não tive a oportunidade de me despedir do Kin, e não é querendo comparar nada, nem sentimento, nem situação, mas eu acho que não aguentaria não me despedir de outra pessoa eterna na minha vida. Claro que eu torço pra que ele melhore e viva mais um 100 anos, mas, caso a infelicidade venha dar as caras esse ano, eu gostaria de poder abraçar cada um da casa do meu padrinho e dizer a cada um o quanto eu me importo com cada um deles, e que a fatalidade doeu em mim também. Gostaria de poder pegar na mão do meu padrinho, mesmo com ele inconsciente e dizer que ele importa sim, e que claro que eu viajaria km pra dizer isso pra ele e agradecer cada momento em que ele esteve lá eternizando meus momentos.

E mesmo que eu use isso como uma desculpa pra viajar, mesmo tendo dito que iria dar um tempo pra SP me mostrar de novo que pode ser melhor pra mim, eu não posso matar essa vontade de ir lá me despedir dele, mesmo que depois ele quebre a minha cara dizendo que não precisava se despedir porque ele está novo em folha novamente. Prefiro que ele me diga isso depois de eu ter ido lá, do que ele não dizer mais nada e eu não ter ido lá expressar um pouco esse lado que raros conhecem, mas que pra eles não há outro lado em mim. É bem verdade que família é família, e mesmo distantes acho que somos bem unidos. Unidos do nosso jeito torto, mas é o único jeito que temos costume de ser.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

ânsia

Quero dormir ao seu lado e fazer suas compras e carregar suas sacolas e lhe dizer o quanto eu amo estar com você. Eu quero brincar de esconde-esconde e lhe dar minhas roupas e lhe dizer que eu gosto dos seus sapatos e me sentar na escada enquanto você toma banho e massagear seu pescoço e beijar seus pés e segurar sua mão e sair pra comer e não me importar quando você comer a minha comida e me encontrar com você e falar sobre como foi o dia e carregar suas caixas e rir da sua paranóia e assistir a bons filmes e assistir a filmes horríveis e reclamar do rádio e tirar fotos de você quando você estiver dormindo e levantar pra lhe trazer café e torradas e geléia e contar para você o programa de TV que eu vi na noite passada e ir com você ao oculista e não rir das suas piadas e desejá-lo de manhã mas deixá-lo dormir mais um pouco e beijar suas costas e acariciar sua pele e lhe dizer o quanto eu amo seu cabelo seus olhos seus lábios seu pescoço sua bunda sua
e me preocupar quando você estiver atrasado e me surpreender quando você chegar mais cedo e me desculpar quando eu estiver errada e ficar feliz quando você me perdoar e olhar suas fotos e desejar tê-lo conhecido desde sempre e ouvir sua voz no meu ouvido e sentir sua pele na minha pele e ficar assustada quando você se zangar e um dos seus olhos ficar vermelho e o outro azul e seu rosto parecer oriental e lhe dizer que você é deslumbrante e abraçá-lo quando você estiver ansioso e segurá-lo quando você se machucar e desejá-lo toda vez que eu sentir seu cheiro e magoá-lo quando eu tocar em você e choramingar quando não estiver e cobri-lo de noite e sentir frio quando você tirar meu cobertor e calor quando você não o tirar e me derreter quando você sorrir e me dissolver quando você gargalhar e não entender por que você acha que eu o estou rejeitando quando eu não o estou rejeitando e me perguntar como você pôde achar que alguma vez eu o rejeitei e me perguntar quem é você e aceitá-lo de qualquer jeito e escrever poemas para você e me perguntar por que você não acredita em mim e ter um sentimento tão profundo que eu não consiga encontrar palavras para expressá-lo e segurá-lo na cama quando você tiver que ir embora e chorar feito criança quando você finalmente for embora e lhe comprar presentes que você não gosta e levá-los de volta e andar pela cidade achando que ela está vazia sem você e querer o que você quiser e achar que estou me perdendo  mas saber que estou seguro quando estou com você e lhe contar o que eu tenho de pior e tentar lhe dar o que eu tenho de melhor simplesmente porque é isso que você merece e responder às suas perguntas  quando eu teria preferido não responder a elas e lhe dizer a verdade mesmo quando eu não o queira e tentar ser honesta por que eu sei que você prefere assim e achar que está tudo acabado mas demorar-me por mais uns dez minutos ao menos antes de você me expulsar da sua vida e se esquecer de mim e tentar ficar mais perto de você porque é maravilhoso aprender a conhecê-lo e vale a pena o esforço e fazer amor com você às três da manha e de algum modo de algum modo de algum modo expressar um pouco deste esmagador imortal irresistível incondicional envolvente revigorante vivificante ininterrupto infindável amor que eu sinto por você.
você me pôs o pior dos costumes:
a vida a dois.

eu era tão eu
tão sozinha
e achava que tudo ia bem.

ai você veio
e aos poucos, foi me mostrando aquele mundo
de compartilhamento
desde um prato à la carte
a sua própria cama.

agora eu não consigo mais ser o que eu era,
pois, por onde passo,
eu vejo
que ando deixando
a sua metade pelo caminho.

terça-feira, 3 de março de 2015

now I will keep it safe

Lately I’ve been thinking about who I want to love, and how I want to love, and why I want to love the way I want to love, and what I need to learn to love that way, and who I need to become to become the kind of love I want to be... and when I break it all down, when I whittle it into a single breath, it essentially comes out like this: Before I die, I want to be somebody’s favorite hiding place, the place they can put everything they know they need to survive, every secret, every solitude, every nervous prayer, and be absolutely certain I will keep it safe. I will keep it safe."

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

leio este livro
que todo ele me lembra você
e penso e repenso em várias cenários em que estivemos
e apenas sorrio e continuo o livro
embora meus sentimentos por você
estejam bem mais controlados
e meus ciúmes
hoje
quase não existem mais
eu ainda lembro de você com carinho
você ainda é a melhor coisa que me ocorreu.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

sobre esse meu amor masoquista

um amigo me ligou contando dos pesares de sua vida.
disse que decidiu não ter mais notícias
jurou que assim era melhor!

eu entendo a dor que ele sente
ao ver a amada em outros braços
ao vê-la tão bem em lugares em que ele não está..

eu entendo e compartilho da mesma dor
com meu outro alguém

até adotei um pequeno mantra
e sempre tenho que me lembrar de repetir
[centenas de vezes por dia]:
"amar é desejar que o outro seja feliz
mesmo que não seja com você"

eu desejo que ele seja feliz
mesmo que morra um pouco de mim a cada nova foto
[e nas antigas também]
e a cada novo comentário...
eu juro que realmente desejo.

mas mesmo que a vontade de não ter mais notícias me tome a mente
tenho certeza
que pior pra mim
seria não ter notícia nenhuma.