A verdade é que nada do que vivemos foi de verdade.
A verdade é que eu acredito em minhas próprias mentiras e por isso é tão difícil deixar as histórias acabarem.
Porque tentando ser tão sensata quanto eu tento tanto ser, a verdade é que a gente nunca foi nós. A gente tinha breves momentos de nós que eram tão ínfimos quanto suficientes para que eu pudesse acreditar, e contar, e defender aquilo que eu imaginei e acreditei que era o nosso nós.
Mas pra deixar pra lá é preciso reconhecer, reconhecer que o que eu chamo de nós é a grande mentira que inventamos pra nos justificar, pra explicar o que a gente tinha, mas que nunca foi nós.
A mentira que montamos juntos e que só eu carreguei durante todo esse tempo e por todos os cantos que eu passei, por 3 anos eu acreditei e idealizei e esperei algo disso que eu chamava de nós e que nada era e por isso eu sinto raiva, e desconsolo, e abandono, e profunda tristeza por tudo.
Por isso que sinto muito por tudo.
Porque eu acreditei e é um peso que eu carrego agora por não querer viver fora desse nós que não existe. Que nunca existiu na verdade. Nunca existiu de verdade.
E a dor que eu sinto e a tristeza e tudo que eu sinto é sobre uma história que eu contei a mim mesma várias vezes, mas que não é real. A história nunca foi real. Embora meu sentimento fosse, mas a história não era. Talvez isso explique porque a dor mora somente comigo e toda essa merda junta aqui.
A verdade é que eu amei mesmo você e esperei de você, algo, alguma ação, posição, frase de impacto, palavra, eu esperei, fingindo que não esperava nada, eu esperei e foi meu erro porque você nunca iria tomar outra decisão que não a que tomou.
E eu só espero que eu lembre da verdade quando for tirar do amor que sobrou aqui do meu lado as forças pra seguir em frente e deixar essa história pra trás. Muitas histórias já passaram, algumas iguais a essas, e eu encontrei o caminho de volta pra mim. Eu sei que preciso encontrar esse caminho agora.
