É fácil amar o outro na mesa de bar, quando o papo é
leve, o riso é farto, e o chope é gelado. É fácil amar o outro nas
férias de verão, no churrasco de domingo, nas festas agendadas no
calendário do de vez em quando. Difícil é amar quando o outro desaba.
Quando não acredita em mais nada. E entende tudo errado. E paralisa. E
se vitimiza. E perde o charme. O prazo. A identidade. A coerência. O
rebolado. Difícil amar quando o outro fica cada vez mais diferente do
que habitualmente ele se mostra ou mais parecido com alguém que não
aceitamos que ele esteja. Difícil é permanecer ao seu lado quando parece
que todos já foram embora.Quando as cortinas se abrem e ele não vê mais
ninguém na plateia. Quando o seu pedido de ajuda, verbalizado ou não,
exige que a gente saia do nosso egoísmo, do nosso sossego, da nossa
rigidez, do nosso faz-de-conta, para caminhar humanamente ao seu
encontro. Difícil é amar quem não está se amando. Mas esse talvez seja,
sim, o tempo em que o outro mais precisa se sentir amado. Eu não
acredito na existência de botões, alavancas, recursos afins, que façam
as dores mais abissais desaparecerem, nos tempos mais devastadores, por
pura mágica. Mas eu acredito na fé, na vontade essencial de
transformação, no gesto aliado à vontade, e, especialmente, no amor que
recebemos, nas temporadas difíceis, de quem não desiste da gente.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
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