quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
"Pequenos Finais"
Que se alguém juntar
E jogar no lixo,
Não daria em nada
E vê se desencana esse choro
Que não vem,
E me paga certo
Aquilo que eu anotei no verso
Do seu amor
Pra você não esquecer
Que não importa se foi bonito
O fim atravessa
Os idiotas pelo seu inverso
[...]
Disso que eu comi em você
E que engasga sem jeito
Retirando todo o genuíno
De descobrir na sua boca
A xerox de um mesmo beijo.
---------
roubei daqui
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Para todos aqueles que realmente importam:
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Tem gente que não sabe esperar...
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Pequenas ternuras
... quem se detém no caminho para contemplar a flor silvestre;
quem se ri das próprias rugas ou de já não agüentar subir uma escada como antigamente;
... quem procura numa cidade os traços da cidade que passou, quando o que é velho era frescor e novidade;
quem se deixa tocar pelo símbolo da porta fechada;
... quem se comove ao ver passar de cabeça branca aquele ou aquela, mestre ou mestra, que foi a fera do colégio;
... quem jamais negligencia os ritos da amizade;
quem guarda, se lhe derem de presente, a caneta e o isqueiro que não mais funcionam;
... quem coleciona pedras, garrafas e folhas ressequidas;
quem passa mais de quinze minutos a fazer mágicas para as crianças;
... quem procura decifrar no desenho da madeira o hieróglifo da existência;
quem não se envergonha da beleza do pôr-do-sol ou da perfeição de uma concha;
quem se desata em riso à visão de uma cascata;
quem não se fecha à flor que se abriu de manhã;
quem se impressiona com as águas nascentes, com os transatlânticos que passam, com os olhos dos animais ferozes;
... quem visita sozinho os lugares onde já foi feliz ou infeliz;
... quem sente pena da pessoa amada e não sabe explicar o motivo;
todos eles são presidiários da ternura e,
mesmo aparentemente livres como os outros,
andarão por toda parte acorrentados,
atados aos pequenos amores da grande armadilha terrestre."
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
Valeria a pena?
terça-feira, 15 de julho de 2008
.. Coisas que vc nunca irá ler ..
pois se eu me comovia vendo você pois se eu acordava
no meio da noite só pra ver você dormindo meu deus
como você me doía vezenquando eu vou ficar esperando
você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma
praça então os meus braços não vão ser suficientes para
abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta coisa
sem dizer nada só olhando olhando e pensando meu deus
ah meu deus como você me dói vezenquando"
Caio Fernando Abreu
Eu nunca mais vou voltar
(Caio Fernando Abreu. O ovo Apunhalado, O dia de ontem.)
_____________________________________________...E assim eu voltaria. Sem precisar de ninguém, sem precisar de ombros, das mãos, do beijo, da aceitação e das respostas de ninguém.
Mas, infelizmente, isso nunca vai acontecer. Quanto mais eu me aproximo do que seria a minha volta, mais longe eu estou de querer voltar. Quanto mais eu me recupero do que doeu tanto, menos vontade eu tenho de causar dor em alguém. Esse desejo incontrolável de voltar é apenas a vida me dizendo para andar pra frente e não voltar nunca mais...
segunda-feira, 30 de junho de 2008
Saudadezinha
terça-feira, 13 de maio de 2008
Homem pode ser condenado à prisão após furto de rosquinha
A acusação diz que Master escondeu a rosquinha em suas roupas e, ao ser abordado pela atendente do estabelecimento,agrediu a mulher com um empurrão.
Nos Estados Unidos a pena prevista para furto é de 5 a 15 de prisão,porém o fato de Scott Masters ser reincidente,pode levar os promotores a pedirem até 30 anos de cadeia.
Entrevistado pelo jornal "St. Louis Post",o acusado admite o furto,mas nega que tenha agredido a vendedora."Não tem como eu ter empurrado uma mulher por causa de uma rosquinha",disse.
Rick Baker,chefe de polícia local,afirmou que a lei trata o furto e o assalto como roubos da propriedade alheia,sem levar em consideração o valor ou os meios empregados para cometer o crime."A questão não é a rosquinha.É o delito",enfatizou.
Quanto a Masters,não tem nem o consolo de ter saboreado o donut,pois foi obrigado a se desfazer da prova do crime enquanto fugia.
PS.: Post em homenagem ao xucrutz, é batman .. essas coisas acontecem mesmo, não só são apenas frutos de sua mente altamente altista... Poxa!
sexta-feira, 18 de abril de 2008
PALAVRÕES TAMBÉM SÃO IMPORTANTES
quarta-feira, 16 de abril de 2008
O homem que não traía
De quatro, de costas, de bruço, com a cara voltada para a parede, com a cara enfiada na poltroninha da sala moquifada de um flat moquifado. A cara encostada no geladinho da última chuveirada. De cara pro chão.
Assim ele a queria: sem olhar em seus olhos, sem beijar sua boca, sem sentir sua alma. Assim não era traição, ele pensava.
Ele era um homem sério, apaixonado pela mulher, apaixonado pelo filho que estava aprendendo a dizer papai, apaixonado pela instituição família, apaixonado pelo apartamento novo, apaixonado pela casa na praia com cadeirinha de balanço de frente para o mar, apaixonado pela profissão, apaixonado pelo salário, apaixonado pelo respeito que tinha por ser um homem de família e bem-sucedido, apaixonado demais pra ter alguma nova paixão.
Olha, vai indo pra lá e me espera naquela posição. A posição ela podia escolher, desde que fosse qualquer uma em que ele não visse seu rosto.
Ela aceitava e tanta submissão a excitava. A hipocrisia disfarçada de todos os relacionamentos era a maior causa de sua angústia indescritível. Ela tinha um nojo da dualidade de intenções dos seres humanos que ora amam, ora usam, e preferia a clareza da sacanagem e a certeza do vazio. Ela escutava o som da porta, o cheiro dele invadia o quarto e ela desabrochava como uma flor ao se alimentar do Sol, mesmo com tanta escuridão. Uma pressão sem a menor pretensão de carinho a lançava para frente, ele a prendia pelos cabelos.
Aquilo durava horas até que tanto suor trouxesse a obviedade do banho. Ele tomava primeiro e se despedia dela, sem olhar pra trás: tchau minha querida.
De volta para a rua cheia de casais que passeavam de mãos dadas, ela andava sem saber se sorria ou se chorava. Sentia-se violentada pela inexistência do amor e absurdamente feliz pelo mistério da outra mulher que a invadia vez ou outra. Lembrava de Chico Buarque e se sentia reconfortada pelas baixarias e putarias transformadas em poesia. Era um romance sujo, mas era um romance.
Olha, vai indo pra lá e me espera naquela posição. Era um vício e talvez você não entendesse nada olhando para ela. Uma moça bonita, uma moça tão paparicada, uma moça tão menina. Ela tinha homens lhe oferecendo carinho em bandejas de ouro.
Mas talvez você entendesse a moça se mergulhasse fundo nas estranhezas do espírito e lembrasse de um dia em que se excitou com algo doloroso: um amor proibido qualquer, uma falta de telefonema qualquer, um fechar de rosto e um olhar sombrio no lugar de semblantes rosados de amor.
Quando o amor é falso, a mágoa é tão grande que você o trai amando justamente a falta dele.
Ou nem precisa tanto, talvez você entendesse a moça se algo tão preenchedor rasgasse seus orgulhos, suas certezas, suas dignidades.
Ele entrava nela e calava qualquer opinião formada, qualquer preconceito, qualquer direito de ser melhor que alguém. Era um alívio: ela era humana e suja como todos, era louca e estranha, era fracaŠ e o mundo se tornava menos feio e as pessoas mais passíveis de perdão.
Talvez você a entendesse se parasse de pensar um pouco e deixasse o corpo ir até onde o tormento manda. Você a entende bem.
Olha, vai indo pra lá e me espera naquela posição.
Estavam lá mais uma vez. Ela espremida, ele espremendo. O caldo sofrido de uma paixão. Um barulho estranho, a maçaneta manuseada impacientemente, alguém queria entrar ali. Era alguém que tinha errado de quarto e com um pigarreio envergonhado e velho se desculpava pelo erro.
Era tarde demais, com o susto ela tinha olhado para trás e eles haviam se olhado bem no fundo dos olhos por mais de dois segundos.
Você tá linda, esse corte de cabelo ficou ótimo em vocêŠ você tá bonita.
Ela o tentou beijar pela primeira vez e ele deixou. Tomaram banho juntos e ela fez uma brincadeira com as pintinhas das costas dele. Ele fez uma piada com a pintinha da virilha dela. Eles riram e ela o achou lindo. Ele a achou fantástica e inteligente. Ela beijou o pescoço dele e ele fez um carinho bem de leve nela . Ele a ajudou a sair da banheira e enrolou a toalha em seu corpo, dando um beijo em sua testa. Ela fez cara de menina, ele fez cara de proteção. Atravessaram a rua de mãos dadas, e nunca mais se viram.
terça-feira, 1 de abril de 2008
Todo mundo vai embora
quinta-feira, 20 de março de 2008
Enfim, nós. E a 'Claudinha'
quarta-feira, 19 de março de 2008
By Tati Bernardi
terça-feira, 18 de março de 2008
O que as mulheres fazem quando vão ao banheiros. Dos seus namorados.
terça-feira, 4 de março de 2008
Frejat
[...] Afinei os meus ouvidos
pra escutar suas chamadas
Sinais do corpo eu sei ler
nas nossas conversas demoradas
Mas há dias em que nada faz sentido
E o sinais que me ligam
ao mundo se desligam [...]
Frejat
Carta Pra Ninguém
Escrevo esta carta pra ninguém,
porque talvez tu jamais a leias.
Já me senti vazia algumas vezes,
mas antes eu acreditava que tudo
seria resolvido com o passar do tempo.
Meu olhar era mais claro
e eu poderia ficar noites acordada,
levantando cedo pra trabalhar,
que nada tiraria a viscosidade
de minha pele.
Hoje, durmo cedo e acordo cansada
de tanto barulho que a tua falta me faz.
Como pode uma promessa de vida,
apenas falada,
esvaziar tanto uma pessoa madura
e tirar-lhe os sonhos,
como se tivesse convivido anos e anos,
partilhando o mesmo espaço,
dividindo momentos bons e ruins.
Como pode os dias todos,
terem se transformado nesse imenso vazio.
Já digitei o número do teu telefone,
umas mil vezes e sem coragem de te ouvir,
desliguei antes de completar a ligação.
Acho que já passou muito tempo,
esgotou o prazo de te buscar.
Me acovardei no silêncio
e ainda não me recuperei.
Estou me sentindo assim,
vazia como um pote quebrado
e nenhuma tentativa,
me faz sentir bem.
Saiba que tu és tudo
o que sempre quis em minha vida
e que porventura, nem chegou a ser...
tua cabeça no meu colo,
minhas mãos no teu cabelo...
nunca mais será e na verdade,
nunca foram...
Meu amado, meu amigo...
por onde andares e se me leres,
saibas que me deste o melhor dos sonhos
e em contrapartida,
tua lembrança transformou meus dias,
em um eterno pesadelo.
Angela Lara
[...]
Raiva ou Rima...
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa
matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.
Paulo Leminski
Namorados
- Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com a sua cara.
A moça olhou de lado e esperou.
- Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma
lagarta listada?
A moça se lembrava:
- A gente fica olhando...
A meninice brincou de novo nos olhos dela.
O rapaz prosseguiu com muita doçura:
- Antônia, você parece uma lagarta listada.
A moça arregalou os olhos, fez exclamações.
O rapaz concluiu:
- Antônia, você é engraçada, você parece louca.
Manuel Bandeira
Quero saber
Quero saber se você vem comigo
a não andar e não falar,
quero saber se ao fim alcançaremos
a incomunicação; por fim
ir com alguém a ver o ar puro,
a luz listrada do mar de cada dia
ou um objeto terrestre
e não ter nada que trocar
por fim, não introduzir mercadorias
como o faziam os colonizadores
trocando baralhinhos por silêncio.
Pago eu aqui por teu silêncio.
De acordo, eu te dou o meu
com uma condição: não nos compreender
Pablo Neruda
sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
Mais ou Menos
sapatos caramelo, um mesmo livro de cabeceira.
Afinidade acontece entre seres humanos. A mesma frase
dita ao mesmo tempo, o diálogo mudo dos olhares e a
certeza das semelhanças entre o que se canta e o que
se escreve. Afinação acontece. Um mesmo acorde, um
mesmo som, uma mesma harmonia. Afinação acontece entre
instrumentos musicais. A mesma nota repetidas vezes, a
busca pela perfeição sonora e a certeza das
similaridades entre um tom acima e um tom abaixo. A
incrível mágica acontece quando os instrumentos
musicais descobrem afinidades humanas entre si no
mesmo instante em que os seres humanos descobrem
afinações musicais dentro deles mesmos.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
Ecoando Notas
esquecidas nas cavernas de seu coração. A melodia vai
ecoando por toda parte, desde os ouvidos até o pulmão.
Ela tropeça nela mesma enquanto se enternece com o som
raro daquela flauta. E a tristeza transversal que até
então lhe preenchia dá lugar a uma euforia luminosa,
assim sem razão de ser, mas já sendo.